APOSENTADOS E PENSIONISTAS ATENTOS À CONJUNTURA DO PAÍS

aspal
Por aspal janeiro 28, 2016 16:17
A conectividade de aposentados e pensionistas com a dinâmica econômica e de conhecimento do país é um desafio a parte. Após a aposentadoria, maior parte das pessoas é vista como fora do eixo principal dos acontecimentos e fator de encargo para a sociedade.
No serviço público há iniciativas, recentemente inclusive combatidas, de manter profissionais especialistas por mais tempo na ativa e assim prosseguirem contribuindo quando estão no auge do saber. E não é fácil conhecer, formar e muito menos dominar os mecanismos dos procedimentos do setor público e todas suas nuances.
Há várias formas de debater a questão dos aposentados e pensionistas. E ultimamente tem sido sempre pelo “custo”. Para falar sobre o tema atuais demandas dos servidores neste status, a redação do site da Pública foi ouvir o servidor Gaspar Bissolotti Neto, diretor de Aposentados e Pensionistas da Central do Servidor, e também presidente da Aspal, Associação dos Aposentados e Pensionistas da Assembleia Legislativa de São Paulo.
Os aposentados e pensionistas tem voz e expressão adequada no movimento dos servidores públicos?

Gaspar Bissolotti: Eu acredito que sim. Hoje temos um grupo muito grande de aposentados participando ativamente de entidades representativas, tanto sindicais como associativas, e isso é muito bom porque agrega experiência ao movimento e reforça a luta dos aposentados, que é muito grande e necessária.
Diversos tem estendido seu tempo de trabalho, mesmo podendo se aposentar. Essa opção é por remuneração ou qualidade de vida?
Gaspar Bissolotti: Na verdade, cada caso é um caso. Mas, infelizmente, muitos servidores que já conquistaram o direito à aposentadoria acabam estendendo sua jornada de trabalho principalmente em virtude da remuneração, e o abono permanência é uma dessas possibilidades. Esses funcionários, na maioria das vezes, têm filhos em idade ainda escolar, principalmente frequentando faculdades, e necessitam desse dinheiro para dar mais qualidade de vida à sua família e honrar seus compromissos. Boa parte deles acaba chegando à Aposentadoria Compulsória, agora estendida até os 75 anos, o que é uma pena, pois eles acabam tendo pouco tempo de vida para gozar a aposentadoria, com viagens e lazer.
A estrutura pública claramente tem seus desafios. Estas pessoas mais experientes permanecerem por mais tempo na ativa ajuda ?

Gaspar Bissolotti: Sem dúvida nenhuma que essas pessoas que permanecem no serviço público, após atingir o direito à aposentadoria, agregam valor e experiência e ajudam principalmente aos mais novos no desempenho de suas funções. Em qualquer ramo de atividade, precisamos mesclar juventude e experiência para atingirmos a Excelência.
A sociedade a seu ver tem consciência sobre a importância do saber destas pessoas com conhecimento e experiência na chamada “máquina pública”?

Gaspar Bissolotti: Aí já é outra questão. Acredito que não, pois se tivesse criaria mais condições para que muitos idosos não se aposentassem logo que completam a jornada normal. E ainda é muito grande o número de servidores que se aposentam logo que completam o tempo constitucional. E uma prova disso é a tentativa de acabar com o abono permanência, que está tramitando no Congresso. Ou seja, o próprio Governo não valoriza seu servidor aposentado da forma que deveria.
Do chamado país jovem e do futuro, chegamos a época onde muitos batem na tecla de que o problema primeiro do custo Brasil é da Previdência. O que tem a dizer sobre esta visão ?

Gaspar Bissolotti: O aposentado, em especial o servidor público aposentado, se tornou bode expiatório para as mazelas do país. Estudos de diversas entidades do fisco federal, da área previdenciária, mostram que a Previdência tem superávit e que o dinheiro é utilizado para outros fins há muito tempo. Não podemos, inclusive, nos esquecer das obras faraônicas feitas com o dinheiro da Previdência, como Brasília, Itaipu, ponte Rio Niterói. Dinheiro esse que nunca mais voltou para os cofres previdenciários.
Há muitos casos de servidores com pressa da aposentadoria por insatisfação com atual estado das coisas na política?

Gaspar Bissolotti: Eu vejo que o anúncio do fim do abono permanência, a situação caótica em que se encontra o nosso Governo, que perdeu totalmente seu rumo, e, principalmente,a expectativa de nova Reforma da Previdência, onde pode ser aumentado ainda mais o tempo de serviço de todos para a tão sonhada aposentadoria, vêm assustando os servidores e muitos realmente já pensam a organizar e planejar seu orçamento doméstico de modo a não precisar mais do dinheiro do abono permanência e em seguida se aposentar.
Quais os principais desafios da Aspal para 2016?

Gaspar Bissolotti: Este é uma no muito importante para a Aspal. Primeiro porque este é uma no eleitoral e no mês de maio a Aspal renovará sua Diretoria e seus Conselhos Deliberativo e Fiscal para os próximos três anos. Segundo, porque temos uma nova realidade na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo com a criação do Sindap – Sindicato dos Aposentados e Pensionistas da Alesp, que deverá ocupar seu espaço e trabalhar em conjunto das demais entidades da Casa (Aspal, Afalesp e Sindicato) na defesa dos direitos e dos interesses do nosso segmento. Terceiro, porque, com a crise financeira que paira sobre o nosso País, os trabalhadores em geral, incluindo aí os servidores da ativa e os aposentados,  vão precisar estar muito unidos na campanha salarial para evitar perdas maiores em seus salários/vencimentos, uma vez que tivemos uma inflação oficial vultosa e muitos não conseguirão repor essa perda. Só com muita união e muita luta é que conseguiremos manter nosso padrão e nosso poder aquisitivo, que vem a cada ano se deteriorando. Não podemos esquecer também que este deve ser o ano em que devemos conseguir implementar de vez a nossa Pública – Central do Servidor e ainda lutar de forma mais contundente pela aprovação da PEC 555/2006 (que completa dez anos), é um ponto de honra para nós, que extingue gradativamente a contribuição previdenciária de servidores aposentados e pensionistas, além da PEC 56/2014, que concede, finalmente, a integralidade salarial aos aposentados por invalidez, fazendo-se assim justiça e estaremos nessas lutas em 2016, ombro a ombro, com a Pública e o Mosap, para conseguirmos a vitória em prol dos servidores aposentados do Brasil.
NOTA: GASPAR BISSOLOTTI NETO é presidente da ASPAL, ex-presidente (2009-2012) e atual Diretor de Comunicação, Imprensa e Informação da FENALE
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